SNS gasta 2 milhões a enviar para o estrangeiro doentes que Santa Marta podia operar

Hospital de Santa Marta investe em formação para poder operar doentes com hipertensão pulmonar tromboembólica. No entanto, ainda não foi reconhecido como centro de referência, o que obriga o SNS a enviar doentes para o Reino Unido.

Um desperdício da capacidade disponível do Serviço Nacional de Saúde. É desta forma que José Fragata, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, descreve o envio de doentes para Inglaterra, quando existe uma equipa – a sua – apta para operar doentes com hipertensão pulmonar tromboembólica.

O Hospital de Santa Marta, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Central, pediu, há mais de um ano, para ser reconhecido como centro de referência na área. Isto porque há mais de cinco anos que a equipa de José Fragata opera doentes que chegam de outros hospitais do país, como o São João. O pedido foi enviado para Direção Geral de Saúde (DGS) mas, até agora, ainda não chegou uma resposta.

Neste período, denuncia o médico, foram enviados 20 doentes para o Reino Unido, com um custo de 100 mil euros por cada, suportado pelo SNS. Este valor diz respeito à cirurgia e internamento no Hospital Papworth, em Cambridge, segunda avança o jornal i. “Fiz a formação há cinco anos no Hospital Papworth em Cambridge e, recentemente, tivemos lá uma cirurgiã do serviço seis meses em treino”, frisa José Fragata, que garante ter informado a DGS de que a cirurgia é realizado em Santa Marta com sucesso.

Por ano estima-se que existam 40 doentes portugueses a necessitar de cirurgia devido à hipertensão pulmonar tromboembólica, uma forma de hipertensão em que se formam trombos (ou coágulos) nas artérias pulmonares e que acabam por obstruir a circulação sanguínea.

O facto de o hospital não ser ainda reconhecido como centro de referência faz com que mesmo os doentes que ali são operados (17 ao todo) tenham de voltar para o hospital de origem, uma vez que Santa Marta não tem dotação orçamental atribuída para prescrever medicação.

Tiago Caeiro

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