22 Mar, 2019

Ficaram por preencher, mais uma vez, dezenas de vagas para médicos de família

Tal como no último concurso, ficaram desertas dezenas de vagas nos centros de saúde. Alentejo e a região de Lisboa são as zonas mais carenciadas.

Ficou de novo com vagas por preencher mais um concurso para a contratação de médicos de família. Depois de, em julho, terem ficado desertas 22% das vagas a concurso, agora o cenário piorou, com mais de um terço dos lugares sem interessados. Ao concurso de dezembro concorrem apenas 73 médicos, para um total de 113 vagas, avança o Jornal de Notícias.

Mais uma vez, a região de Lisboa e Vale do Tejo foi a que ficou com mais lugares vazios (15). Ficou novamente demonstrada a incapacidade que muitas unidades de cuidados de saúde primários nos arredores de Lisboa revelam para conseguir atrair médicos. É precisamente a região de Lisboa que concentra a esmagadora maioria dos utentes que ainda não têm médico de família atribuído – mais de 500 mil utentes.

Segundo o JN, foram preenchidas 18 das 21 vagas abertas para o Norte, 16 das 21 no Centro e 35 das 50 na zona de Lisboa e Vale do Tejo.

Já era expectável que as vagas não fossem preenchidas na totalidade, uma vez que, em novembro, só 90 jovens médicos terminaram a especialidade de Medicina Geral e Familiar. O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar explicou ao JN que intenção do Ministério era atrair médicos a exercer fora do SNS. No entanto, este objetivo voltou a não ser alcançado.

Há até vagas que ficam por preencher a cada concurso. É o caso das regiões do Algarve (onde se candidataram apenas 3 médicos para 12 vagas) e de certas zonas de Lisboa, como Sintra e Amadora. No Alentejo, a situação é ainda mais preocupante: a região não mostra capacidade de atrair e de fixar médicos e neste concurso recebeu apenas uma candidatura.

Os sindicatos apontam o dedo à tutela. Para o presidente da Federação Nacional dos Médicos, o problema está na falta de condições de trabalho oferecidos pelos centros de saúde e na dificuldade de progredir na carreira.

O Ministério da Saúde garante estar “naturalmente atentos aos resultados das colocações”, assegurando ainda que há um grupo de trabalho que está a analisar o “regime simplificado de seleção existente, no sentido de encontrar soluções que se mostrem adequadas a melhor redistribuição de recursos médicos”.

Tiago Caeiro

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