28 Fev, 2019

Faculdade de Medicina do Porto lamenta redução de quase 2 milhões de euros nas verbas do Estado

O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) lamentou, na quarta-feira, que o financiamento do Estado tenha baixado em “quase dois milhões de euros” na última década e anunciou a intenção de criar um Centro Académico Clínico.

“O enorme incremento da produção científica e académica da FMUP não foi acompanhado por um aumento dos seus orçamentos, nomeadamente do subsídio do Estado. Na verdade, se houve um ligeiro acréscimo entre 1996 e 2008, entre 2008 e 2018 as verbas provenientes do Orçamento de Estado diminuíram quase dois milhões de euros”, afirmou Altamiro da Costa Pereira durante a sessão solene do Dia da FMUP, que comemora 194 anos do ensino médico no Porto.

O diretor da FMUP explicou que a instituição subsiste designadamente porque as receitas de propinas aumentaram “cerca de 70 vezes” nos últimos 20 anos.

Adiantou ter a intenção de recorrer à angariação de fundos para algumas obras e anunciou a ambição de “reorganizar” a articulação da faculdade com o Hospital de São João, “criando um eventual Centro Académico Clínico, talvez do Norte de Portugal”.

“Como é que a FMUP subsiste? Porque as suas receitas próprias, que em 1996 eram apenas 8%, são agora 46% do seu orçamento”, observou o diretor.

Altamiro da Costa Pereira esclareceu que as “despesas com equipamento”, que eram 5% do investimento em 1996, passaram para “1,1% em 2018”.

“Aqui na faculdade os tempos da ‘troika’ nunca mais saíram”, lamentou.

O responsável destacou que, apesar do “esforço enorme” que a FMUP tem feito nas mais diversas áreas, “tem muito menos verbas do que as que deveria” ter.

“Apesar de faculdade não estar a ser bem tratada pelo Estado continua pujante”, assegurou.

Relativamente à “produção académica”, o diretor assinalou os atuais 60 cursos de pós-graduação, um aumento de “mais de seis vezes a sua oferta formativa” em relação a 1996.

“Em 1996, a FMUP licenciou 101 estudantes. Em 2018 o valor quase que triplicou, para 287”, disse.

Quanto à “produção científica”, passou de 62 publicações em 1996 para 833 em 2018.

“É um aumento tremendo, de mais de 13 vezes ao longo dos últimos 23 anos”, vincou.

Quanto a projetos futuros, o diretor referiu pretender criar “centros pluridisciplinares, dotando-os de autonomia financeira e contratual”, para além de fazer uma “realocação de instalações e recursos humanos e materiais da FMUP para a deixar pronta para o futuro”.

Altamiro da Costa Pereira assegurou que “as próximas obras serão certamente dedicadas aos estudantes, nomeadamente no salão de alunos e anfiteatro”, pretendendo para isso recorrer a angariação de fundos.

O responsável esclareceu que as obras atualmente em curso estão a ser feitas com a herança deixada por uma professora jubilada.

“Espero também restaurar, requalificar alguns departamentos que ficaram neste edifício partilhado com o Hospital de São João”, revelou.

Outro dos objetivos é “melhorar a articulação” com diversas instituições, nomeadamente com centros de saúde, indústria, grupos privados, outras escolas da Universidade do Porto ou escolas médicas do país.

LUSA

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