15 Fev, 2019

Medicina de Precisão na mulher: a importância da hormona anti-mulleriana como marcador cardiovascular

O segundo dia das IV Jornadas Regionais Monotemáticas de Infecciologia começou com uma conferência que abordou o tema da “Medicina de Precisão na mulher com VIH” e que foi presidida pelo Dr. José Vera.

A Drª. Umbelina Caixas foi a oradora da sessão e apresentou o estudo DRUG, ainda não concluído, que avaliou a relação entre a hormona anti-mulleriana (HAM) e o VIH e síndromes cardiovasculares.

Ressalvando que o estudo é um “trabalho de uma equipa multidisciplinar de clínicos e não clínicos”, a especialista do Hospital de São José explicou que o trabalho envolveu 280 mulheres, com uma idade média de 45,5 anos.

Ao relacionar a hormona HAM com o VIH, a equipa de investigação concluiu que as mulheres com VIH registaram níveis mais baixos de HAM. O estudo mostra que a idade não é um fator determinante para as concentrações de HAM.

“A anti-mulleriana, para além de ser um marcador de reserva ovárica, é um importante marcador cardiovascular”, referiu a especialista

O trabalho incidiu também sobre a relação entre a HAM e outras patologias. A Dr.ª Umbelina Caixas, referiu, por exemplo, que as mulheres mais jovens com mais HAM têm níveis de colesterol mais baixos. A nível da função renal, concluiu-se que níveis mais baixos de HAM correspondem a uma menor capacidade de filtração renal.

A especialista frisou que a investigação clínica na área da “medicina de precisão na mulher, adolescência e infância” tem vindo a aumentar. Nesta área, o acumular de conhecimento científico assume uma grande importância, uma vez que cerca de metade dos 35 milhões de seropositivos a nível mundial são mulheres. Em Portugal, há cerca de 11 mil mulheres infetadas, sendo que a maior parte delas têm mais de 50 anos e já se encontram, por isso, na menopausa.

“A anti-mulleriana, para além de ser um marcador de reserva ovárica, é um importante marcador cardiovascular”, referiu a especialista, acrescentando que, “na menopausa, as mulheres têm um risco cardiometabólico acrescido”.

Painel de especialistas na “Medicina de precisão na mulher VIH”

Medir a quantidade da HAM permite, ao determinar a distância a que as mulheres estão do início da menopausa, atuar nos fatores de risco e definir estratégias de atuação, explicou a Dr.ª Umbelina Caixas, referindo a importância da educação e das campanhas de sensibilização no grupo das mulheres com mais de 50 anos de modo a limitar ou mesmo anular o número de infeções.

A propósito deste aspeto, a Dr.ª Cristina Guerreiro (especialista em Obstetrícia) sublinhou que “poderão ser definidas estratégias para mulheres com maior risco, que terão uma abordagem de prevenção (mudança de estilos de vida e prevenção farmacológica)”. “O tema é vasto e controverso mas parece que a evidência será para utilizar a HAM como marcador da doença cardiometabólica”, reforçou.

 

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