11 Fev, 2019

Ordem quer que ensino da Medicina integre comunicação e humanização dos cuidados

A Ordem dos Médicos (OM) quer que o ensino da Medicina contemple formação em comunicação com o doente e em humanização dos cuidados de saúde.

O bastonário da OM, Miguel Guimarães, reconhece a necessidade de “mais formação a nível da humanização dos cuidados de saúde e da comunicação” no ensino pré-graduado, ou seja, nas licenciaturas em Medicina, e considera que também na formação especializada pode avançar formação objetiva nestas áreas.

“O ensino da comunicação e da humanização dos cuidados não pode ser feito numa cadeira. Tem de ser todos os anos do curso e também continuar na formação pós-graduada. Esse é o objetivo”, disse Miguel Guimarães aos jornalistas, à margem da apresentação da proposta da Ordem para definir tempos padrão das consultas, que coincide com o Dia do Doente, que hoje se assinala.

Embora a formação especializada já contemple as dimensões da comunicação e da humanização, o bastonário entende que não o faz de uma “forma objetiva” e que possa ser avaliada.

O representante dos médicos entende que “a maior parte das especialidades” clínicas vive muito da comunicação com o utente, sendo a relação entre médico e doente uma das bandeiras dos dois anos de mandato de Miguel Guimarães.

“A Ordem dos Médicos está empenhada em dar passos largos no sentido de promover a relação médico doente a Património Imaterial da Humanidade. Temos reunido com os responsáveis da UNESCO em Portugal”, recordou o bastonário, indicando que este processo pode levar pelo menos dois anos.

A falta de tempo nas consultas e os problemas de comunicação entre médicos e doentes motivam uma fatia significativa das queixas que chegam à Ordem, pelo menos à Secção Regional do Sul.

O presidente da Secção, Alexandre Lourenço, indica que quase metade do volume das queixas disciplinares “não são de erros”, mas antes dizem respeito a questões de comunicação ou de falta de tempo para conversar com o doente.

O bastonário corrobora a ideia de que “muitas das queixas”, bem como o aumento da conflitualidade, estão relacionadas com “a pressão que existe sobre os médicos” e com os “tempos curtos de consulta”.

“A relação entre médico e doente é fundamental para acabar com a conflitualidade”, afirmou.

LUSA

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais