29 Jan, 2019

Estudo revela novo fator de risco para fraca saúde mental

Um novo estudo descobriu que a exposição ao chumbo durante a infância aumenta a probabilidade de vir a desenvolver problemas a nível da saúde mental na idade adulta.

O estudo da Universidade de Duke, em Durham, no Norte da Califórnia, sugere que a exposição ao chumbo durante a infância pode afetar a personalidade dos indivíduos e aumentar a predisposição para problemas de saúde mental com o passar dos anos, mais precisamente por volta dos 38 anos.

A investigação, publicada na JAMA Psychiatry, analisou os dados de 1.037 indivíduos, todos nascidos em 1972 e 1973 em Dunedin, na Nova Zelândia. Do total de participantes, 579 crianças foram submetidas a exames de sangue para medir o seu nível de exposição ao chumbo aos 11 anos de idade. Os resultados mostraram que 94% dessas crianças tinham níveis de chumbo superiores a 5 ug / dl.

“Estes são dados históricos de uma época em que estes níveis de chumbo eram vistos como normais nas crianças, não representando perigo, então a maioria dos participantes deste estudo nunca recebeu tratamento para a toxicidade por chumbo”, diz a principal autora do estudo, a psicóloga clínica Terrie Moffitt.

Ao longo do estudo, os participantes foram submetidos a avaliações psicológicas combinadas com a análise dos níveis de chumbo.

“Os efeitos da exposição ao chumbo realmente podem durar por um longo período de tempo, neste caso, de 3 a 4 décadas”, afirma o coautor do estudo, Jonathan Schaefer. “A exposição ao chumbo desde essa altura pode estar a prejudicar a saúde mental das pessoas que estão hoje na faixa dos 40 e 50 anos”, adverte.

O estudo também concluiu que a exposição ao chumbo durante a infância poderá influenciar a personalidade na idade adulta. Através de entrevistas aos familiares dos participantes, os investigadores concluíram que os que apresentavam níveis mais elevados de exposição também indicavam tendências neuróticas e características negativas na sua personalidade em comparação com os participantes que evidenciavam menor exposição ao chumbo na infância.

A partir destes resultados, os investigadores esperam que sejam realizados mais estudos para avaliar os impactos da exposição ao chumbo na saúde mental também noutros países. No futuro, a equipa quer descobrir se poderá também influenciar o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como a demência, e o desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

Mónica Abreu Silva

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