8 Ago, 2018

Sindicato dos Médicos do Norte critica campanha de rastreios gratuitos e pede intervenção da DGS

O Sindicato dos Médicos do Norte anunciou que pediu à Direção-Geral de Saúde que intervenha sobre uma campanha de rastreios gratuitos realizada por uma seguradora e por um laboratório privados, a qual consideram ter "apenas fins promocionais".

Em causa está a seguradora privada de saúde Medicare e o laboratório privado de análises Germano de Sousa – Centro de Medicina Laboratorial, do antigo bastonário da Ordem dos Médicos, tendo a campanha como mote “Faça análise de prevenção – Grátis”.

Numa carta dirigida à diretora geral de saúde, à qual a Lusa teve acesso, o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) diz que tem vindo “a ser alertado por diversos associados, em especial de Medicina Familiar”, para o teor de uma campanha que consideram que “não se enquadra num qualquer programa de rastreio delineado pela Direção-Geral de Saúde, visando apenas fins promocionais dos operadores privados envolvidos”.

Os rastreios visam a realização de análises à glicose, colesterol, creatinina e hemograma.

Na carta lê-se: “Enquanto profissionais de saúde, sabemos que um qualquer exame complementar requer ser interpretado e contextualizado, exigindo uma avaliação posterior em consulta médica que, inevitavelmente, vai sobrecarregar os serviços públicos de saúde”. O SMN considera que “no marketing não vale tudo, muito menos quando se trata de questões de saúde”.

“Vimos alertar e exigir medidas aos organismos responsáveis nesta área, em especial à Direção-Geral, para pôr fim a uma campanha que, a pretexto do interesse público, mais não visa que favorecer interesses comerciais dos promotores privados”, acrescenta a carta.

A agência Lusa contactou as entidades visadas, tendo fonte da Medicare referido que “esta campanha a que se refere, em parceria com um dos maiores laboratórios do país, visa precisamente disponibilizar sem custos e permitir o acesso a cuidados de saúde a nível nacional a generalidade da população”.

A seguradora diz não entender as críticas do sindicato e diz estranhar “a falta de contacto e diálogo por parte dos diversos operadores da saúde em Portugal”.

“Da nossa parte, estamos sempre disponíveis para prestar quaisquer esclarecimentos e colaborar”, referiu a Medicare em resposta escrita.

Já via telefone, o diretor clínico do grupo Germano de Sousa começou por remeter a responsabilidade da campanha para a seguradora mencionada na carta do SMN, tendo explicado que o laboratório “tem um contrato com a Medicare, mas não idealizou a campanha”.

Mas face às críticas do sindicato, o antigo bastonário da ordem dos Médicos Germano de Sousa apontou: “Não percebo onde está o mal [da campanha]. Só estamos a fazer o que infelizmente não é feito pelo serviço público. Não estamos a inventar resultados, não fazemos nada de errado e as pessoas têm oportunidade de, após a realização de exames e caso o entendam, contactar os seus médicos”, disse.

A agência Lusa tentou ouvir a Direção-Geral de Saúde, mas até ao momento tal não foi possível.

LUSA/SO

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais