3 Ago, 2018

Investigadores do Porto desenvolvem método para entender melhor paramiloidose

Investigadores do Porto desenvolveram um novo método que vai permitir fazer avanços na investigação da paramiloidose, conhecida como doença dos pezinhos, e "descobrir novos medicamentos", explicou um dos responsáveis.

O novo método consiste num “modelo animal” que “vai ajudar a descobrir novos medicamentos, porque infelizmente apenas 60% dos doentes respondem bem ao Tafamidis”, o único fármaco atualmente utilizado no tratamento da doença, contou à Lusa o investigador Miguel Ferreira, um dos envolvidos no projeto.

“Os doentes precisam de alternativas”, destacou o responsável pelo projeto desenvolvido no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e que conta com a colaboração do “The Scripps Research Institute” da Califórnia. Segundo Miguel Ferreira, o modelo animal multicelular designado de C. Elegans é “mais semelhante ao humano em termos de sintomatologia” e também “mais eficaz do que os modelos utilizados” atualmente.

“Este modelo animal tem um ciclo de vida muito curto, visto que em quatro dias passa de embrião a adulto e gera descendência. Para além disso, o facto de ser transparente permite analisar os neurónios e outras células ao microscópio, assim como introduzir os fármacos e ver o efeito quase de imediato”, revelou.

Para o investigador, o projeto pretende também compreender o fenómeno de antecipação relativamente à idade e os diferentes sintomas da doença dos pezinhos. “Inicialmente, os sintomas da doença surgiam aos 20 e 30 anos, mas tem-se vindo a notar o efeito contrário em doentes da mesma família, isto é, no avô os sintomas surgem aos 60, no pai aos 40 e nos filhos aos 20”, referiu.

A paramiloidose, ou doença dos pezinhos, é uma doença hereditária de foro neurológico, que se manifesta inicialmente nos membros inferiores e que se alastra progressivamente ao resto do corpo.

No entanto, os sintomas não são “exclusivos aos pés nem aos membros inferiores”, explicou Miguel Ferreira, acrescentando que “há doentes com a mesma mutação e cujos sintomas se fazem sentir noutros órgãos, como a bexiga e o intestino”.

Segundo o investigador, os “grandes focos” em Portugal são a Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Barcelos, Figueira da Foz e a região da Serra da Estrela. Em Portugal são cerca de três mil os doentes com paramiloidose, sendo que o país continua a manter o maior número de doentes a nível mundial.

LUSA

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