27 Jul, 2018

Investigadores criam aplicações que permitem tratar pacientes com doenças crónicas à distância

Investigadores do Porto estão a desenvolver aplicações informáticas que permitem monitorizar, à distância, o processo de doença e o tratamento de pacientes com patologias crónicas, bem como informar os serviços de cuidados de saúde em caso de necessidade.

Através dessas aplicações, será monitorizada a adesão do paciente à terapêutica ao longo do tempo – através do envio de alertas de administração e da sua validação -, os sintomas e as possíveis complicações, bem como outros indicadores de saúde associadas à doença, disse à Lusa Célia Santos, professora da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) e uma das responsáveis pelo projeto.

Os indicadores apresentados pelos utilizadores, continuou, serão associados a três níveis de alerta (verde, amarelo e laranja), mediante os quais serão fornecidas orientações terapêuticas, tudo via ‘smarthphone’, que poderão ir desde do tipo preventivo ou de tratamento, até à sinalização para serviços especializados, em casos de necessidade.

“Sempre que a situação de saúde exija um cuidado profissionalizado, a pessoa será  encaminhada para os serviços de saúde, que podem ser cuidados primários ou diferenciados”, frisou.

Com recurso a estas tecnologias, será ainda possível gerar um conjunto de dados clínicos que possibilitem um melhor acompanhamento dos pacientes, bem como promover a comunicação entre os profissionais de saúde e os doentes, acrescentou a investigadora do grupo NursID, do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis).

O objetivo deste projeto, explicou, passa por acompanhar remotamente a pessoa com doença crónica, maximizando a sua perceção de bem-estar e de qualidade de vida, “paralelamente ao adequado tratamento da sua doença”.

O processo para utilização destas aplicações inicia com uma consulta de admissão, na qual são recolhidas informações sociodemográficas e de saúde e identificadas escalas relativas à autoeficácia e à qualidade de vida, reaplicadas posteriormente nos diferentes momentos de contacto, no sentido de se perceber a sua evolução.

Segundo Célia Santos, a intenção da equipa é abranger todas as doenças crónicas neste projeto, especialmente as mais prevalentes na nossa sociedade.

Neste momento, enquanto aguardam financiamento, estão a desenvolver dois módulos para as aplicações, um orientado para as pessoas com doença oncológica em tratamento de quimioterapia no domicílio e outro para indivíduos com diabetes mellitus tipo II.

A principal inovação do projeto, considerou a investigadora, é o facto de permitir “o acompanhamento constante e à distância das pessoas que, sendo portadoras de doença, necessitam de um regime terapêutico continuado e com monitorização de saúde que hoje não é possível ser realizado pelos serviços de saúde comunitários”.

A pessoa irá sentir-se sempre mais próxima dos profissionais de saúde e incentivada a gerir melhor a sua doença, pois terá uma resposta pronta e adequada às suas necessidades, sem ter de recorrer aos serviços de saúde.

Participam igualmente no projeto os investigadores do Cintesis, Carla Sílvia Fernandes e Bruno Magalhães, bem como a Universidade Fernando Pessoa (Porto), a Escola Superior de Saúde de Santa Maria, a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e a Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa.

LUSA/SO

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