11 Mai, 2018

Cabeçadas na bola podem afetar significativamente a função cognitiva dos jogadores

Cabecear a bola durante um jogo de futebol é para a grande maioria uma tática impressionante. Contudo, comparativamente a outras lesões no crânio, o cabeceamento pode ter um impacto maior na função cognitiva dos jogadores, assim sugere um novo estudo americano.

Os investigadores analisaram 308 jogadores amadores, com idades entre os 18 e 55 anos, na cidade Nova Iorque, EUA, concluindo que os que mais cabeceiam a bola são os que apresentavam piores resultados no âmbito psicomotor.

Os participantes foram convidados a preencher questionários, relatando quantas vezes cabecearam a bola nas duas últimas semanas e se sofreram algum impacto no crânio de forma acidental. A acompanhar estes inquéritos, os jogadores respondiam a testes neuropsicológicos (NP), de forma a analisar a sua aprendizagem verbal, capacidade de memória, velocidade psicomotora e nível de atenção.

Esta análise foi realizada durante dois anos, com intervalos de três a seis meses. No total, a média de cabeceamento por duas semanas para os homens (78% dos participantes) foi de 50 por duas semanas, enquanto que para as mulheres foi de 26.

Um desempenho fraco nestas análises estava associado ao cabeceamento durante os jogos e treinos ao longo das duas semanas que antecediam os testes NP. Ao contrário dos impactos na cabeça causados de forma acidental que não surgiam associados à performance cognitiva.

“Observámos que num subgrupo de jogadores existe um efeito adverso na função cognitiva, que pode ser explicado apenas pelas cabeceadas, e que concussões e colisões não explicam de forma alguma o efeito na função cognitiva”, afirma o Dr. Michael Lipton, do Albert Einstein College of Medicine, Nova Iorque, em declarações ao Medscape.

Tal poderá ser explicado pela frequência com que os jogadores fazem esta tática. “Acho que esta é a mensagem principal – que impactos na cabeça têm importância até mesmo quando, em nível de impacto individual, parecem não causar um problema imediato”, acrescenta.

Ainda que não se tenham verificado graves mudanças na função cognitiva, o estudo sugere que se analise possíveis danos que se podem fazer sentir a longo prazo.

O estudo foi publicado na plataforma Frontiers in Neurology.

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