2 Abr, 2018

Salvar Mais Vidas: o movimento cívico que quer combater a mortalidade por paragem cardiorrespiratória

O movimento cívico Salvar Mais Vidas foi apresentado hoje na Faculdade de Medicina de Lisboa e tem como objetivo preparar a população para saber agir em situações de paragem cardiorrespiratória.

A iniciativa, apresentada na Faculdade de Medicina de Lisboa, foi fundada por Gabriel Boavida na sequência do falecimento, há dois anos, do seu irmão com uma paragem cardiorrespiratória na via pública a 1800 metros do Hospital Amadora-Sintra. “Ao fazer a reconstituição dos factos apercebi-me que tinham acontecido coisas que não deveriam ter acontecido, como por exemplo as pessoas que deram com ele não saberem sequer o suporte básico de vida e ligar para o 112”, contou Gabriel Boavida à agência Lusa.

Numa paragem cardiorrespiratória, ao fim de cinco minutos iniciam-se lesões cerebrais definitivas e “ao fim de dez minutos a vida já não é compatível conforme a conhecemos”, adiantou. “Se não soubermos o suporte básico de vida e se não soubermos ligar para o 112 estamos a condenar aquela pessoa à morte. Foi o que aconteceu”, disse o fundador do movimento.

Ao dar conta desta situação e da “falta ilegal” de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) no Hospital Amadora-Sintra, Gabriel Boavida iniciou “um processo de tentar fazer mudança e corrigir aquilo que estava mal”. “Desde logo dei conhecimento da inexistência ilegal da ambulância” no Hospital Amadora-Sintra, uma situação que foi rapidamente resolvida. “Hoje é uma das VMER com mais saídas do país e com mais vidas salvas”, salientou.

Daí surgiu a ideia de criar o movimento cívico, congregando pessoas que “tivessem a mesma vontade de fazer acontecer mudança no país”. O movimento tem como grande objetivo preparar melhor o país para responder a emergências médicas e a situações de paragem cardiorrespiratória, com um terço da população a saber fazer suporte básico de vida e a utilizar um desfibrilhador.

“A paragem cardiorrespiratória é a principal causa de morte fora dos hospitais, causa dez mil mortes todos os anos em Portugal, uma morte por hora”, salientou Gabriel Boavida. Comparada com a sinistralidade automóvel é “vinte vezes mais”, elucidou. A taxa de sobrevivência da morte súbita cardíaca fora dos hospitais é de 3% em Portugal quando há países em que essa taxa é de 30 por cento. “Esse é o nosso objetivo até 2030”, adiantou.

Por outro lado, como nos primeiros dez minutos, após a paragem cardíaca, “cabe à sociedade civil fazer a diferença e não às equipas de emergência, o nosso objetivo é que o suporte básico de vida mais desfibrilhação seja ensinado por lei nas escolas”. A obrigatoriedade deste ensino deve ser estendida a determinadas “profissões chaves”, como profissionais de saúde, professores de educação física, seguranças, bombeiros, ‘personal trainers’, vigilantes.

Outros objetivos do movimento são mais campanhas de sensibilização para esta situações e “o acesso a uma rede muito mais alargada de desfibrilhação” para que a taxa de sobrevivência atinja os 30 por cento. Segundo o responsável, o movimento já tem o reconhecimento do Ministério da Saúde ao englobá-lo no grupo de trabalho para a revisão do plano nacional de desfibrilhação.

LUSA/SO

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