23 Mar, 2018

Inteligência Artificial: os robôs humanoides no futuro da tecnologia da saúde

O investigador Wolfgang Merkt, um dos oradores convidados para um evento sobre Inteligência Artificial que arranca hoje, no Porto, considera que os robôs humanoides são uma das plataformas mais seguras para testar tecnologias da área da saúde, como próteses.

A robótica humanoide é “um campo muito desafiador, que requer um pensamento fora da caixa. Ter uma forma humanoide presente quando se desenvolvem robôs para operar no ambiente construído para seres humanos, é, frequentemente, a opção mais versátil e adaptável”, frisou.

Wolfgang Merkt, que colabora com a NASA na criação do robô humanoide Valkyrie, falava à agência Lusa a propósito da 12.ª edição do Encontro Nacional de Estudantes de Informática (ENEI), evento organizado por estudantes do ensino superior e que decorre até segunda-feira, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

De acordo com o também estudante de doutoramento na Universidade de Edimburgo (Reino Unido), a Inteligência Artificial permite resolver problemas para os quais “era muito difícil formular uma solução, recorrendo somente a um programa de computador”, criando ferramentas com potencial de salvar vidas ou de auxiliar na economia dos recursos.

Contudo, apesar dos avanços já conseguidos, a tomada de decisão autónoma por parte dos dispositivos e robôs é um dos desafios atuais, com os estudos a incidirem cada vez mais nessa área. “Outro perigo pode surgir pela falta de diversidade dos dados utilizados por estas tecnologias, com alguns exemplos a aparecer em sistemas de policiamento preditivo”, acrescentou Wolfgang Merkt, que defende a importância da ética na Inteligência Artificial.

Questionado sobre a automação industrial, um dos focos da sua apresentação no INEI, contou que o caminho passa pelos sistemas colaborativos, nos quais humanos e robôs “trabalham de mãos dadas”. Esses sistemas colaborativos, continuou, têm a vantagem de serem “muito mais flexíveis, produtivos e fáceis de implantar” que os robôs industriais tradicionais, combinando “a destreza humana e a precisão e capacidade de repetição robótica”.

Já na recuperação de desastres, também por si abordada durante o evento, destacou os veículos aéreos autónomos (como drones), “cruciais para fornecer aos socorristas uma rápida visão geral da situação e obter, por exemplo, os remédios necessários para as vítimas”.

Na exploração espacial, salientou, a tecnologia desenvolvida para suportar a exigência de longos períodos de operação autónoma durante as missões, que desafiam a capacidade limitada do ser humano em assumir o controle, devido à baixa largura de banda de transmissão de dados e aos atrasos na transmissão de informação.

Wolfgang Merkt está a trabalhar com a NASA na construção do Valkyrie, um robô humanoide “único”, cujo desenvolvimento permite estudar a locomoção e a recuperação do equilíbrio (que pode ajudar na reabilitação médica de pacientes com AVC) e a manipulação (permitindo a manipulação de grãos finos em aplicações perigosas).

“Muitas habilidades tidas como garantidas enquanto humanos, são muito desafiadoras para um robô realizar. Desde a capacidade de manter o equilíbrio, de atravessar terrenos irregulares, de responder a mudanças e de lidar com pisos escorregadios, até ações que envolvam uma manipulação hábil, como girar uma caneta entre os dedos”, referiu.

Na edição deste ano, o ENEI aborda o impacto da Segurança Informática e da Inteligência Artificial na vida quotidiana das pessoas e das empresas, contando atividades – como palestras e workshops – e mais de 40 oradores nacionais e estrangeiros, promovendo ainda atividades de aproximação entre os estudantes e as empresas.

LUSA/SO

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