8 Mar, 2018

Couch: a plataforma de consultas online de psicologia criada por portugueses

Uma equipa do Porto desenvolveu uma plataforma de consultas de psicologia online, dando a possibilidade aos portugueses residentes no estrangeiro ou em zonas isoladas de acederem a um atendimento à distância.

A plataforma Couch é o “primeiro ‘chatbot’ (programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas) de rastreio de saúde mental em Portugal e um dos primeiros no mundo, ligado à nossa plataforma de Telemedicina”, indicou à Lusa o psicólogo João Vilas-Boas, um dos responsáveis pelo projeto.

Esse ‘chatbot’, continuou, é capaz de avaliar se o utilizador necessita de cuidados psicológicos e, sendo o caso, faz aconselhamento comportamental e ajuda-o a marcar uma consulta com um psicólogo. “Uma percentagem grande da nossa população encontra-se emigrada e esse é um dos alvos do nosso serviço”, indicou.

A plataforma, pioneira em Portugal, é também ideal para as pessoas que vivem em zonas isoladas, como Trás-os-Montes, Alentejo ou noutro local do interior do país, possibilitando-lhes ter uma consulta com um psicólogo que exerça a sua prática clínica noutras cidades, como Porto ou Lisboa.

“A desmaterialização dos serviços tradicionais de psicologia permite que o nosso utilizador poupe tempo e dinheiro, podendo ter a sua consulta de forma confortável e evitando parte do estigma relacionado com o recurso a uma consulta de psicologia”, contou João Vilas-Boas.

Segundo explicou, a escolha dos profissionais que prestam as consultas ‘online’ é realizado através do conselho consultivo responsável por este projeto, onde se incluem psicólogos. A ideia para a criação deste projeto surgiu a partir da necessidade que os fundadores reconheciam em algumas pessoas próximas.

A prevalência e a incidência de depressão e ansiedade “é superior nas populações expatriadas, principalmente devido ao isolamento. Temos uma pessoa próxima, que estava emigrada há anos quando sentiu necessidade de ter uma consulta com um psicólogo”, notou João Vilas-Boas. “Apesar de falar a língua do país em que habita (Alemanha), a barreira cultural com o psicólogo que consultou era muito grande, tendo desabafado que queria e precisava mesmo de ter a consulta com um psicólogo português”, acrescentou.

Outro amigo dos fundadores, um executivo que estava numa situação de ‘burnout’ (distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso) que afetava a sua relação com a família e a ‘performance’ no trabalho, também necessitava de consulta com um psicólogo, ao qual não recorria por falta de tempo. “Essa é uma das razões pela qual a Couch tem como objetivo realizar consultas em horário pós-laboral”, referiu.

Apesar de as consultas ‘online’ serem já uma realidade há anos nos Estados Unidos e no Canadá, em Portugal “estamos ainda numa fase de sensibilização, uma vez que a maioria das pessoas não sabem que este tipo de serviço está disponível e que apresenta qualidade”, disse ainda João Vilas-Boas.

LUSA/SO

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