Lápis Azul: Se os défices fossem só financeiros!
Já nem se fala na mais completa ausência de respeito […]

Lápis Azul: Se os défices fossem só financeiros!

Já nem se fala na mais completa ausência de respeito pela autonomia das administrações hospitalares ou das administrações regionais de saúde, umas e outras reduzidas a balcões de atendimento da Tutela, incapazes por culpa própria de assumirem a defesa das suas instituições, dos seus profissionais e dos cidadãos que devem servir.

Nem falo sequer da sistemática restrição financeira que, a cada ano, sucede nas instituições do SNS, tendo em conta os défices financeiros que resultam do facto da maioria esmagadora da despesa pública no SNS ser esgota nos custos com pessoal.

Nem lembrarei que afinal, afinal, sempre havia cá um destes impacto com a redução para as 35 horas que nem foi acautelado, nem estudado seriamente. Basta ver o que se passa com os serviços de enfermagem, por todo o lado e adivinha-se a cena das transferências de milhões para os cofres do SNS onde, depois, como não podem ir para os fornecedores ou para investimentos ou renovação de equipamentos clínicos, lá caminham para salários de pessoal!

Os custos da contenção dos custos continuam, embora agora, digam que nada disso sucede.

Pobre SNS!

 

Mas pior do que os défices financeiros, são os défices de ideias e de estratégicas para a Saúde e para a defesa do SNS!

As denúncias sobre quadros e situações irregulares ou penosas, susceptíveis de colocar em risco os doentes e os profissionais de saúde dos vários saberes e competências, são diariamente ventiladas e tornadas públicas.

Os Cuidados Primários vivem uma época como não me lembro de ter assistido!

2017 Teve um simulacro de contratualização, a roçar entre o anedótico e o trágico, depois de tanto aparato, tanto anúncio, tanta filosofia, tanta informatização!

Dizem que a vítima até ficou em estado comatoso para 2018 e o tempo passa e tudo se arrasta.

Mas 2017 foi também um ano marcado por vários sucessos anunciados pelo Ministro da Saúde…

Foram dezenas de novas USF inauguradas e postas em funcionamento?

E foram centenas de milhares os portugueses que passaram a dispor de médicos de família?

Os concursos de colocação de médicos são em catadupa e faltam candidatos para as vagas abertas e oferecidas!

As condições criadas para a fixação de médicos no interior foi e está a ser um êxito e como dizia um amigo alentejano, valha a verdade, foram-se os cubanos e os colombianos mas os portugueses ainda não chegaram…

E deixaram de ir para o estrangeiro os médicos jovens que não encontraram alternativas no SNS, no mesmo SNS em que se diz faltarem clínicos?  

E perdi a conta ao número de USF modelo A que foram promovidas ao modelo B, para o qual arduamente se esforçaram?

E já nem sei quantas centenas de milhares de euros foram pagos em incentivos institucionais ao pessoal das USF?

Para não falar da “chuva” de estudos e ensaios clínicos implementados em Portugal e numa euforia de apoio e estímulo à investigação científica?

Pelo meio, não quero ser acusado de mal-intencionado, foram os ACES que beneficiaram do alargamento de competências e de autonomia funcional como não há memória, depois do reforço em pessoal e equipamentos para a dinamização das estruturas assistenciais e de apoio às unidades funcionais dos CSP, da implementação e crescimento das URAP no terreno e na dotação de meios para as UAG cumprirem o apoio que lhes é solicitado!

Tudo, claro, numa estratégia bem concebida de reforço dos princípios da governação clínica e do investimento nos Cuidados Primários como meio crucial e fundamental da prestação de cuidados de saúde de qualidade e em tempo útil e adequado!

 

Que me desculpe o meu Bom Amigo Bastonário da Ordem dos Médicos, isto não vai lá com cartões vermelhos, nem azuis, nem verdes.

É um país de daltónicos.

E certamente ainda um país sem memória, sem memórias.

Mas é um país cheio de gente com lata. Muita lata!

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