5 Mar, 2018

Afinal, existem cinco tipos de diabetes

Uma equipa de investigadores dividiu o tipo 2 da doença em quatro grupos, aumentando, assim, para cinco o número de tipos da diabetes. O objetivo é, no futuro, direcionar o tratamento e conseguir melhores resultados.

Há doenças sobre as quais ainda pouco se sabe, há outras que já quase não têm segredos, como a diabetes. Certo? Errado. A diabetes estava até agora dividida em dois tipos: o tipo 1, que surge maioritariamente na infância e em que o pâncreas não produz insulina, e a tipo 2, mais comum e geralmente diagnosticada na idade adulta, em que a insulina produzida não é suficiente para garantir um aproveitamento eficaz da glicose por parte das células.

Agora um grupo de investigadores da Universidade de Lund, na Suécia, defende que a diabetes de tipo 2 tem várias formas e propõe uma nova classificação da doença, que passe pela divisão em cinco tipos e não em dois, como até agora.

O estudo, publicado na revista Lancet, veio mostrar que a classificação em dois tipos é demasiado simplista, o que acaba por prejudicar o tratamento – uma vez que o doente acaba por receber um tratamento indiferenciado, quando seria necessário direcionar a terapêutica para o tipo de diabetes que esse doente possui e, assim, aumentar os níveis de eficácia possam aumentar.

“Este estudo leva a um diagnóstico mais clinicamente útil e representa um passo importante para a medicina de precisão em diabetes”, esclarece o médico endocrinologista Leif Groop, que liderou o estudo.

Depois de analisarem dados de quase nove mil pacientes suecos, a equipa de investigadores, acabou por reagrupar os doentes em cinco grupos.

Diabetes tipo 1 – além da doença infantil, a que surge no adulto, também de origem auto-imune, está nesta mesma categoria. É uma forma muito grave da doença. Os portadores de diabetes tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores normais.

A novidade é que este estudo dividiu a diabetes tipo 2 em quatro grupos:

Grupo 2 – Diabetes por défice de insulina: afeta pacientes jovens, com índice de massa corporal normal, baixa produção de insulina. Têm forte tendência para desenvolver retinopatia diabética. A maior parte dos pacientes deste grupo tomava metformina, um medicamento oral. Mas a recomendação da equipa é que sejam tratados com insulina.

Grupo 3 – Diabetes resistente à insulina: associada à obesidade, as células apresentam muita dificuldade em reconhecer a insulina. Estes pacientes têm problemas no fígado e nos rins. São os pacientes que beneficiam mais da toma de metformina.

Grupo 4 – Diabetes ligeira relacionada com a obesidade: pessoas com excesso de peso, mas sem grande impacto da doença.

Grupo 5 – Diabetes relacionada com a idade: sintomas associados ao envelhecimento.

“A diabetes não é esta massa cinzenta a que temos chamado tipo 2 – há categorias da doença que exigem de facto tratamentos diferentes”, disse o endocrinologista.

A diabetes afeta mais de 420 milhões de pessoas em todo o mundo, um milhão em Portugal.

 

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