6 Fev, 2018

Estudo relaciona radiação dos telemóveis com tipo raro de tumor

Estudo feito em ratos expostos a elevada radiação, vinda de telemóveis, mostrou uma taxa de incidência acima do normal de Schwannoma, um tumor raro. Food and Drug Administration continua cética

A relação entre a radiação emitida pelo telemóvel e o cancro cerebral começou a ser equacionada há alguns anos, praticamente desde a democratização dos telemóveis, na década de 90. Agora, dois relatórios, lançados sexta-feira, pelo Programa Nacional de Toxicologia do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, detalham as conclusões de dois estudos feitos em animais, neste caso em ratos.

Num dos estudos não ficou comprovada nenhuma relação, mas no outro estudo os investigadores descobriram uma ligação entre a radiação emitida por telemóveis e o desenvolvimento de cancro em ratos machos. Mais concretamente, verificou-se o aparecimento de um tipo raro de tumor, chamado Schwannoma, nos corações dos ratos. Este tumor, geralmente benigno, afeta as células do sistema nervoso periférico e central e pode surgir na cabeça, joelho ou coxa do doente, causando surdez, tonturas, dificuldade na fala, hipertensão intracraniana e até paraplegia.

“Uma das coisas que achámos mais interessantes sobre nossas descobertas foi que os schwannomas malignos – apesar de terem ocorrido no coração e não na cabeça desses animais – eram de fato schwannomas”, disse John Bucher, cientista no Programa Nacional de Toxicologia e um dos autores dos relatórios. “Esses estudos experimentais em animais são apenas uma abordagem para entender se as exposições à radiação de radiofrequência representam um risco para a saúde humana”.

Neste estudo, os cientistas dividiram os roedores em dois grupos com base em níveis de radiação de radiofrequência, baixos ou altos, e expuseram-nos à radiação de radiofrequência por períodos de 10 minutos, totalizando cerca de nove horas por dia ao longo de dois anos. Os animais foram expostos a níveis de radiação iguais ou superiores ao nível mais alto atualmente permitido para telemóveis.

Entre os ratos machos, os pesquisadores encontraram tumores em cerca de 6% dos que apresentaram o maior grupo de exposição à radiação, disse Bucher. Essa percentagem “excedeu a incidência histórica média (0,8%) e excedeu a maior taxa observada num único grupo de estudo (2%)”, escreveram os pesquisadores.

Contudo John Bucher alerta que serão precisos mais estudos para confirmar efeitos semelhantes em seres humanos. A Food and Drug Administration, a agência americana que regula que regula o mercado alimentar e farmacêutico, defende que os telemóveis emitem níveis tão baixos de radiações que estes não são suficientes para danificar o ADN, ou seja, para terem um efeito cancerígeno nos tecidos biológicos.

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