1 Fev, 2018

Sobrevivência ao cancro aumenta no mundo e Portugal está na linha da frente

Portugal está entre os países com maior taxa de sobrevivência à doença. No mundo a taxa está a aumentar, apesar de a riqueza ainda determinar quem sobrevive

A taxa de sobrevivência ao cancro está a aumentar no mundo, segundo um estudo publicado esta terça-feira na revista Lancet. Portugal surge no top 10 europeu nos três dos tumores mais frequentes: mama, próstata e estômago, num estudo que se analisou dados entre 2000 e 2014.

No caso do cancro da mama, que afeta 5000 mulheres todos os anos no nosso país, a sobrevivência a cinco anos é a quinta melhor a nível europeu, tendo passado de 81,6% nos diagnósticos entre o ano 2000 e 2004 para 87,6%. No cancro do estômago, o país ocupa também a quinta posição a nível europeu, embora apenas cerca de 32,2% dos doentes consiga sobreviver. No cancro da próstata, o mais prevalente nos homens, a sobrevivência é hoje de 90,9% ao fim de cinco anos – Portugal está no oitavo lugar.

A taxa de sobrevivência no cancro do cólon situa-se perto dos 60% e a da leucemia é cerca de 90%, números em linha com o que se passa nos Estados Unidos e em outros países europeus.

Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia são os países com maiores taxas de sobrevivência, refere-se no estudo Concord 3, em que foram analisados os registos de 37,5 milhões de pacientes diagnosticados com cancro entre 2000 e 2014 em 71 países.

A sobrevivência a cinco anos de crianças diagnosticadas com leucemia linfoblástica aguda passou de 80,8% nas crianças diagnosticadas entre 2000 e 2004 para 89,8% nos diagnósticos entre 2010 e 2014. E mesmo em tumores mais difíceis de combater tem havido melhorias. A sobrevivência ao cancro do fígado ao fim de cinco anos passou de 13,6% no para 18,7%. O cancro do pulmão, aquele que ainda regista a taxa de mortalidade mais elevada, evoluiu de uma sobrevivência de 10,6% para 15,6% e, no caso do cancro do pâncreas, hoje é possível dizer que um em cada dez adultos sobrevivem pelo menos cinco anos à doença.

Os investigadores da Escola de Higiene e & Medicina Tropical de Londres  estimam que o “custo global do tratamento do cancro em 2017 deve ser substancialmente superior a 300 mil milhões de dólares”, um custo crescente que “ameaça a viabilidade de sistemas de saúde e economias nacionais”.

“O cancro mata mais de 100 mil crianças todos os anos, principalmente em países de rendimentos baixos ou médios, onde o acesso aos serviços de saúde é muitas vezes deficiente e o abandono dos tratamentos é um grande problema”, consideram os investigadores.

As diferenças entre países refletem-se também nos números da leucemia infantil, em que países como a China, México e Equador estão abaixo dos 60%, evidenciando “grandes deficiências no diagnóstico e tratamento de uma doença que é geralmente considerada como curável”.

O esforço para aumentar as taxas de sobrevivência vai continuar, até porque se estima que o número de novos casos aumente 50% na próxima década – para mais de 21 milhões de casos diagnosticados todos os anos, 100 mil dos quais em Portugal.

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