25 Jan, 2018

Estudo compara hábitos de consumo de bebidas na Europa com ingestão água

O objetivo foi "entender o contributo das bebidas para a ingestão alimentar de água e avaliaar se a população adulta da UE consome quantidades adequadas de água".

Foi recentemente publicado um estudo científico na revista Nutrients, que compara o consumo médio diário de alimentos e bebidas numa amostra populacional de adultos (18-75 anos) em Espanha, Itália e França. O estudo, intitulado “Beverage Consumption Habits among the European Population: Association with Total Water and Energy Intake”, também explorou “associações entre os tipos de bebida consumidos e o aporte energético dos alimentos”.

De acordo com os resultados desta investigação, “a ingestão total de água em Espanha foi de 1,7 litros para homens e 1,6 litros para mulheres; Itália registou 1,7 litros para homens e mulheres; e França registou 2,3 litros para homens e 2,1 litros para mulheres”. Se estes resultados forem comparados “com os Valores de Referência da EFSA para a ingestão adequada de água, que incluem água de alimentos e água proveniente de bebidas, e representam 2,5 litros e 2,0 litros para homens e mulheres a partir dos 14 anos de idade, respetivamente”, notase que nenhum dos três países em análise alcançou as recomendações da EFSA, com a exceção das mulheres em França.

De acordo com os resultados do estudo, “para ambos os sexos, a principal fonte de hidratação foi a água para os três países”. Além disso, e em relação a outras bebidas, “as bebidas mais consumidas pelos homens nos três países foram: bebidas quentes em França, seguidas de leite em Espanha e bebidas alcoólicas em Itália, com percentagens de 23 %, 17 % e 15 %, respetivamente”. Para as mulheres, “as bebidas quentes foram as mais frequentemente consumidas em França (30 %) e o leite em Espanha (19 %). Em Itália, a percentagem mais alta foi também para as bebidas quentes (9 %)”.

Ainda segundo este estudo, “o valor médio de ingestão energética diária para adultos em Espanha foi de 1.790,8 kcal / dia, dos quais 12 % foram proporcionados por bebidas. Em Itália, a ingestão

de energia foi de 2.137,9 kcal / dia e apenas 6 % foram fornecidas por bebidas. França registou um aporte energético de 1.884,5 kcal / dia, dos quais 8 % foram facultados por bebidas”. Estas percentagens são muito semelhantes às recomendações de algumas autoridades internacionais, que afirmam que a ingestão calórica diária proveniente de bebidas não deve exceder os 10 %.

O estudo salienta que “o estado de hidratação adequado está associado à preservação das funções físicas e mentais e que a ingestão de água é a melhor maneira de alcançar a hidratação”. No entanto, o estudo sublinha que “existem outros líquidos com capacidades de hidratação semelhantes que também fornecem nutrientes ou estimulantes, nos alimentam ou que são apenas mais palatáveis”. A este respeito, a análise aponta que, dado que “a seleção atual de bebidas é tão ampla, deveriam existir recomendações específicas sobre estes líquidos; o que deve incluir a sua capacidade de hidratar e de aporte energético ou de outros nutrientes, bem como quaisquer outros efeitos que possam ter sobre o corpo”.

De igual modo, a análise científica reconhece que “o valor da ingestão adequada é uma condição variável, em que as diferenças são devidas, em parte, à variação interindividual das necessidades de água em resposta a diferentes estados de saúde, metabolismo e fatores ambientais, tais como a temperatura ambiente e humidade, bem como de acordo com a idade, tamanho do corpo e nível de atividade física”. Além disso, “as necessidades de água dependem também do regime alimentar geral e da água existentes nos alimentos”.

Em resumo, o estudo evidencia um “consumo insuficiente de água de acordo com os valores de referência da EFSA e a alta percentagem de adultos que não cumpriram a recomendação requer uma maior atenção – não só da comunidade científica, mas também das comunidades de saúde pública e de educação”.

A investigação confirma que os dados obtidos mostram “a tendência atual de baixo consumo, que é muito mais evidente nos homens do que nas mulheres e nas populações mais velhas”. De acordo com o texto, esta população “tem uma elevada taxa de doença crónica, e é mais vulnerável à doença. A evidência de desidratação entre este grupo é bem conhecida e documentada. A desidratação aumenta substancialmente a carga dos custos dos cuidados de saúde”, portanto, isso representa um importante problema de saúde pública ao impor um ónus económico considerável”.

Para concluir, o estudo salienta que “a Europa necessita de um esforço coletivo para contribuir para uniformizar a avaliação da ingestão de bebidas, bem como para minimizar a utilização inadequada de instrumentos dietéticos”. O futuro da avaliação da ingestão de bebidas requer a utilização de novos instrumentos e técnicas, a aplicação de novas tecnologias disponíveis e uma discussão aberta”.

Esta investigação traduziu-se num dos primeiros estudos científicos realizados pela Cátedra Internacional de Estudos Avançados em Hidratação (CIEAH, sigla em espanhol), recentemente criada e com o objetivo de desenvolver e promover projetos de investigação científica sobre hidratação humana e estilos de vida saudáveis, sendo uma referência internacional na matéria.

Comunicado/SO

 

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