15 Jan, 2018

Hospitais privados com tantos nascimentos como os públicos nas grandes cidades

Os hospitais privados de grandes cidades como Lisboa e Porto estarão já a ter tantos nascimentos como as unidades públicas, o que o colégio de especialidade de obstetrícia entende que pode ser sintoma de desgaste do serviço público.

O colégio de ginecologia e obstetrícia da Ordem dos Médicos refere que os dados ainda carecem de confirmação oficial, mas que tudo indica que no ano passado as unidades privadas de Lisboa tenham tido um número de nascimentos igual ou idêntico aos hospitais públicos. A situação será também idêntica no Porto.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do colégio, João Bernardes, considera que este pode ser um sinal da pressão ou desgaste dos serviços públicos. “Havendo uma diminuição de nascimentos [pelo menos em 2017] e um aumento de nascimentos no privado, parece que o público está de facto com uma pressão muito grande”, disse.

O especialista adverte que as equipas de obstetrícia no Serviço Nacional de Saúde estão muitas vezes “a trabalhar no limite” em termos de recursos humanos, situação que pode facilmente agudizar-se num hospital e contagiar outras unidades.

Isto porque, lembra João Bernardes, quando um hospital tem falhas na dotação das equipas tem de transferir as grávidas, desencadeando pressão noutras unidades.

Esta situação ficou patente no verão, durante o protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna, que deixaram de exercer as funções especializadas pelas quais não recebiam acréscimo de remuneração.

O hospital Santa Maria, por exemplo, já assumiu a carência de enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, não só porque houve profissionais que foram para o privado, mas também porque outros preferiram ir trabalhar para os cuidados de saúde primários.

Contudo, o presidente do colégio da especialidade admite que possam ocorrer problemas idênticos noutras unidades.

João Bernardes refere que as equipas dos hospitais têm dotações de profissionais definidas, que estão no momento a “trabalhar no limite, sem folga nenhuma”.

“Temos que, junto das hierarquias e da tutela, alertar para que se resolvam os problemas porque rapidamente se pode transformar num problema maior”, afirmou.

LUSA/SO

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