14 Dez, 2017

Glicemia sem jejum acima de 100 deve suscitar atenção de médicos

Novos dados de uma amostra com representatividade, que integrou um estudo realizado nos Estados Unidos da América, (EUA) sugerem que os valores a partir de 100 mg/dL para doentes com status glicémico desconhecido devem suscitar  a atenção dos médicos

É sabido que valores de glicemia casual de pelo menos 200 mg/dL com sintomas de hiperglicemia indicam diabetes.

Agora, novos dados de uma amostra com representatividade, que integrou um estudo realizado nos Estados Unidos da América, (EUA) sugerem que os valores a partir de 100 mg/dL para doentes com status glicémico desconhecido devem suscitar  a atenção dos médicos.

A glicemia casual costuma ser solicitada de rotina nos exames laboratoriais, mas a interpretação dos valores numéricos para os pacientes que não estão em jejum é difícil, porque o efeito da ingestão recente de comida ou bebida não é claro. Os médicos também são relutantes em considerar os valores da glicemia casual como verdadeiros, devido à potencial variação das leituras da glicemia decorrentes de idade, sexo e índice de massa corporal.

Como consequência, os médicos frequentemente ignoram os valores da glicemia casual obtidos nas quatro horas subsequentes à ingestão de comidas ou bebidas. Agora, uma equipe de pesquisadores diz que valores de pelo menos 100 mg/dL devem estimular os médicos a realizarem os exames padrão-ouro da diabetes a fim de detectar melhor a disglicemia não diagnosticada. Estes resultados foram publicados on-line em 13 de novembro no Journal of General Internal Medicine.

O Dr. Michael E. Bowen, da Divisão de Medicina Interna Geral do Departamento de Medicina do University of Texas Southwestern Medical Center, em Dallas, e colaboradores, estratificaram os participantes do estudo norte-americano National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) entre 2007 e 2012 pelos níveis de hemoglobina A1c, e estudaram a relação entre a glicemia casual e o tempo desde a última ingestão de calorias.

Dentre os participantes, 7.161 preencheram os critérios do estudo. Destes, 3,9% tinham diabetes não diagnosticada e 31% tinham disglicemia não diagnosticada.

Durante as oito primeiras horas depois de comer ou beber, os participantes com disglicemia não diagnosticada apresentaram valores de glicemia casual significativamente mais elevados do que os participantes com níveis glicémicos normais. Nas quatro primeiras horas, os participantes com disglicemia não diagnosticada tiveram glicemia casual de pelo menos 100 mg/dL, o que foi de 14 a 18 mg/dL acima dos participantes com níveis glicémicos normais. Após as seis primeiras horas, até os participantes com disglicemia não diagnosticada tiveram resultado de glicemia casual abaixo de 100 mg/dL. Os participantes normoglicémicos tiveram resultado de glicemia casual abaixo de 100 mg/dL em todos os momentos.

Os pesquisadores também descobriram que provavelmente não é clinicamente necessário jejuar por mais de quatro horas porque a maioria das pessoas, independentemente do estado glicêmico, neste momento estará abaixo do ponto de corte da glicemia de jejum.

“Dada a disponibilidade dos valores de glicemia casual existente nos prontuários eletrónicos, a solicitação dos exames padrão-ouro para o diagnóstico do diabetes para os pacientes com status glicémico desconhecido e valores de glicemia casual ≥ 100 mg/dL – independentemente do tipo ou da hora da última ingestão calórica – pode simplificar a interpretação da glicemia casual e melhorar a detecção da disglicemia”, concluem os autores.

Os participantes do NHANES foram designados aleatoriamente para ficarem em jejum. O estudo foi feito com adultos não gestantes de pelo menos 18 anos de idade, sem relato pessoal de diabetes ou pré-diabetes, e com resultados de glicemia casual e de hemoglobina A1c disponíveis. Os participantes que fizeram jejum durante nove horas ou mais foram excluídos.

Este estudo foi subsidiado pelo UT Southwestern Center for Patient-Centered Outcomes Research. O Dr. Michael E. Bowen recebeu financiamento de: National Center for Advancing Translational Sciences dos National Institutes of Health e do Dedman Family Endowed Program for Scholars in Clinical Care. Dois coautores foram financiados em parte pela Agency for Healthcare Research and Quality. Os autores informaram nã o possuir conflitos de interesses referentes ao tema.

Ref: J. Gen. Intern Med. Publicado on-line em 13 de novembro de 2017

Fonte: Glicemia sem jejum acima de 100 pode sinalizar problemas – Medscape – 13 de dezembro de 2017.

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