GESCAT apresenta “White Book”- programa para reduzir o impacto negativo da CAT

A falta de consciencialização e informação relativa ao impacto da Trombose Associada ao Cancro (CAT, na sigla inglesa) é o principal obstáculo a ultrapassar.

Para o GESCAT – Grupo de Estudos de Cancro e Trombose é determinante tomar medidas para reduzir a morbilidade e mortalidade dos doentes com Trombose Associada ao Cancro, contribuindo desta forma para aumentar a sobrevida, a qualidade de vida e reduzir os custos para o sistema de saúde e para a sociedade.

Os dados do Eurostat, mostram que na União Europeia o cancro constitui a principal causa de morte (Eurostat Statistics Explained, May 2017) e a Comissão Europeia estabeleceu como objetivo a redução da mortalidade associada às doenças oncológicas em 15% até 2020. O cancro é uma doença com muitos aspetos a considerar. Esses aspetos relacionam-se com o tratamento, com a própria doença e com implicações nas atividades da vida diária. Um dos aspetos mais importantes é a possibilidade de desenvolver um coágulo de sangue. Esta condição é conhecida como trombose associada ao cancro (CAT).

Apesar da CAT constituir uma das principais causas de morte por cancro, após o próprio cancro, e constituir um gasto económico significativo (os custos do tratamento dos doentes com trombose e cancro é significativamente superior aos dos restantes doentes oncológicos e a sua qualidade de vida inferior), a sua prevenção e tratamento adequado são muitas vezes negligenciadas devido à falta de consciencialização sobre a sua gravidade.

Para Sérgio Barroso, médico oncologista e Presidente do Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT), “sabe-se hoje que as questões relacionadas com trombose e cancro são um problema importante em saúde pública, que se prevê tornar ainda mais relevante no futuro, pelo que se impõe uma reflexão sobre a forma de o abordar, em termos clínicos e económicos. A mensagem “investir para salvar e mais tarde poupar” assume particular importância particularmente no contexto atual de pressão sobre os serviços de saúde para redução de custos”.

Neste sentido, O GESCAT entendeu que era urgente chamar a atenção das entidades responsáveis, profissionais de saúde e sociedade em geral para se conseguir melhorar a prevenção e o diagnóstico precoce e assegurar um tratamento eficaz e seguro da CAT em todos os doentes oncológicos, de forma reduzir a morbilidade e a mortalidade.

Vai ser lançado no dia 21 de novembro, pelas 18h00, em Lisboa na Embaixada da Dinamarca, o White Book sobre a “Trombose Associada ao Cancro” que no seu conteúdo reúne um plano de ação que visa aumentar a consciência sobre a situação e reduzir a morbilidade e mortalidade dos doentes oncológicos com esta patologia, através da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. Este White Book já foi apresentado na Embaixada Dinamarquesa em Bruxelas, no dia 12 de outubro de 2016 e no Parlamento Europeu no dia 13 de outubro de 2016.

O objetivo desta iniciativa será o GESCAT fazer a apresentação do White Book português e uma discussão do plano de ação proposto, envolvendo as principais sociedades científicas ligadas a este tema, e os representantes da área política, económica e social do setor.

“É urgente aumentar a prescrição de tromboprofilaxia nos doentes com cancro. A doença oncológica constitui um fator de risco independente e relevante para o tromboembolismo venoso (TEV), fundamentalmente porque altera o normal equilíbrio do sistema de coagulação do organismo, desviando-o no sentido “pró-coagulante”. Sabe-se hoje que o TEV associado ao cancro é cada vez mais prevalente, estimando-se que cerca de 1/5 de todos os doentes oncológicos terão o diagnóstico de TEV durante a evolução da sua doença” explica o Presidente do GESCAT.

Assim, e especificamente para esta população de doentes, as guidelines internacionais e nacionais são inequívocas e unânimes ao classificar as HBPM como tratamento de primeira linha, devendo ser administradas em monoterapia entre três a seis meses. Sobre esta questão Sérgio Barroso, esclarece “devido ao elevado risco de recorrência, o tratamento do tromboembolismo venoso no doente com cancro deve ser prolongado ao longo de vários meses e este facto aumenta os custos, afeta de forma adversa a qualidade de vida e aumenta a probabilidade de adiamento e redução da eficácia do tratamento médico dirigido à doença oncológica (como a quimioterapia). A prevenção da trombose associada ao cancro reduz custos com a doença, melhora os resultados e diminui as mortes associadas a esta doença. Os profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento do cancro devem proceder à avaliação frequente do risco de TEV especifico para cada doente, tipo de tumor e tratamento utilizado”.

“A trombose associada ao cancro, apesar de constituir uma das principais causas de morbidade e mortalidade dos doentes oncológicos, não recebe a atenção suficiente por parte das entidades responsáveis, profissionais de saúde e sociedade em geral. É necessário aumentar a sensibilização de todos os grupos de interesse relativamente ao impacto do TEV associado ao cancro e à necessidade de disponibilizar um diagnóstico precoce, prevenção adequada e tratamento eficaz aos doentes oncológicos com TEV. Os profissionais de saúde devem estar conscientes para o facto do TEV constituir uma possível complicação do cancro e do seu tratamento. Os responsáveis políticos devem ser esclarecidos sobre o custo económico e de saúde pública do TEV associado ao cancro e de como a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da trombose associada a cancro pode salvar vidas e poupar recursos” conclui Sérgio Barroso.

Comunicado/SO

 

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