31 Jul, 2017

EMA no Porto seria “a melhor forma” de UE trabalhar coesão

O presidente do Conselho Metropolitano do Porto (CmP) defende a aprovação da candidatura do Porto à sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) como a “melhor forma” de a União Europeia (UE) trabalhar a coesão no seu território.

“A melhor forma da UE trabalhar a coesão europeia é ir às regiões periféricas e dar-lhes atividades que façam subir o seu nível de vida. Acho que este é um dos grandes argumentos que podem ser usados na defesa da candidatura do Porto à EMA (na sigla em inglês)”, destacou Emídio Sousa, também presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, numa entrevista à Lusa em jeito de balanço de mandato do CmP, órgão a que preside desde janeiro (após a renúncia de Hermínio Loureiro) e que reuniu pela última vez na sexta-feira, antes das autárquicas de outubro.

Notando que a zona Norte de Portugal “é uma das mais pobres da UE”, Emídio Sousa considera “tão ou mais importante do que os fundos de coesão” transferir “alguns serviços que acrescentem verdadeiro desenvolvimento económico” para as zonas menos desenvolvidas da UE, sendo por isso importante fixar no Porto a sede da EMA, que deve abandonar Londres com a saída do Reino Unido da UE.

Para o presidente do CmP, conseguir que Portugal candidatasse o Porto à sede da EMA (em vez de Lisboa) é um dos aspetos mais importantes do mandato, mesmo sendo “apenas uma candidatura”.

“A probabilidade de sermos indicados é de 6% ou 7%. É baixa. Espero que o Governo se empenhe seriamente para que a agência venha para o Porto e que não seja verdade o que se diz, de que o Porto só foi escolhido porque haveria acordo entre a Alemanha e a França para [a EMA] ficar em Nice”, observou, avisando que ficará “extremamente defraudado e desagradado” se não houver esse “grande empenhamento do Governo e de Portugal”.

De acordo com Emídio Sousa, também dentro da Área Metropolitana do Porto (AMP) é necessária uma “visão diferente do território”, fruto da integração de municípios do Sul (Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca e Vale de Cambra, por exemplo).

“Tem de haver um novo olhar para esta nova realidade da componente sul da AMP, até porque estamos a falar de um eixo industrial muito forte. Se somarmos Vila Nova de Gaia, são 600 a 700 mil habitantes e esta área não tem uma linha ferroviária a ligá-la às principais linhas do Norte, nem uma ligação ferroviária de todos os municípios ao aeroporto”, lamentou.

Relativamente à gestão dos fundos comunitários, muito abordada nos últimos quatro anos pelo CmP, Emídio Sousa diz estar de acordo com a proposta que integra o Compromisso Metropolitano assinado pelos 17 candidatos do PS às eleições autárquicas de outubro, de criar uma agência da AMP em Bruxelas, junto da Comissão Europeia, para uma melhor gestão e distribuição das verbas.

“Vejo com agrado [a proposta]. Estive em fevereiro em Bruxelas numa reunião (…) e fiz essa reivindicação. A AMP precisa de ter lóbi em Bruxelas. Vejo com agrado que o PS defenda o que já apresentei”, afirmou.

Segundo Emídio Sousa, outro dos assuntos “absolutamente fundamentais para o futuro da AMP” foi ter avançado para “um estudo sobre a mobilidade” com vista a um “próximo passo, muito urgente”, de “definir um plano geral de transportes que compatibilize os diferentes modos de transporte, os interfaces, a ligação de todos os municípios ao aeroporto”, descreveu.

Na sua perspetiva, serão sempre precisos “um ou dois anos” para concluir o processo, pois a par dos prazos da contratação pública, o trabalho “implicará muita negociação e articulação entre municípios”, ao mesmo tempo que obriga a compatibilizar projetos futuros “com o que existe”.

“Mas tem de ser fazer, porque quanto mais adiarmos mais tarde se torna”, frisou.

LUSA/SO/MM

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