7 Jun, 2017

Dor crónica pode contribuir para aumento do risco de demência

Estudo realizado na Universidade da Califórnia de São Francisco (UCSF) mostra que a dor crónica pode estar relacionada com algumas alterações no cérebro das pessoas mais velhas o que pode originar falhas mais rápidas na memória à medida que envelhecem, sendo mais propensas a ter demência anos depois

O estudo foi publicado na revista científica, JAMA Internal Medicine, e ao que tudo indica é o primeiro onde é feita esta associação.

Na investigação foram analisados os dados de 10 mil participantes com idades entre os 60 e mais, durante um período de 12 anos. Os participantes que disseram que estavam preocupados constantemente com a dor moderada ou severa tanto em 1998 como em 2000 diminuíram 9,2 por cento mais rápido a capacidade de memória do que aqueles que disseram não estar preocupados com a dor.

Os doentes que se queixaram de dor persistente também tiveram uma probabilidade pequena, mas significativamente maior, de desenvolver demência em geral.

Os investigadores descobriram também que a quantidade adicional de declínio da memória que afeta os doentes com dor crónica pode dificultar a realização de algumas tarefas diárias, como gerir de forma independente a medicação e as finanças.

Elizabeth Whitlock, autora do estudo, disse que as descobertas apontam para novas formas de pensar sobre como proteger as pessoas mais velhas contra as injúrias cognitivas do envelhecimento.

“As pessoas idosas precisam manter a sua cognição para permanecerem independentes. Até uma em cada três pessoas mais velhas sofre de dor crónica, por isso entender a relação entre a dor e o declínio cognitivo é um primeiro o passo importante para encontrar formas de ajudar a população”, disse a investigadora.

Conclusões

A pesquisa realizada em colaboração com membros da Divisão de Geriatria da UCSF, sugere três razões potencialmente sobrepostas para a associação entre dor crônica e demência.

Um aumento do risco de demência pode ser causado por analgésicos, como os opióides que as pessoas estão a tomar cada vez mais. Também pode ser que a experiência da dor de alguma maneira compromete a capacidade do cérebro de codificar memórias e outras funções cognitivas. Finalmente, pode ser devido a algum outro fator que não foi medido no estudo e, portanto, não pôde ser analisado. Mas, mesmo que esse seja o caso, Whitlock afirma que os achados continuam clinicamente relevantes, porque a dor poderia ser usada como marcador para aumentar o risco de declínio cognitivo futuro mesmo que a base biológica da associação ainda não esclarece.

MNT/SO/CS

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