12 Mai, 2017

“Super-bactérias” de hoje têm raízes com centenas de milhões de anos

Os micróbios resistentes aos antibióticos têm raízes ancestrais, com 450 milhões de anos, em organismos que sobrevivem a extinções em massa e que podem, atualmente, ajudar a compreender as "super-bactérias" que ameaçam a saúde humana

Num estudo, publicado na revista especializada Cell, conduzido por investigadores do MIT e da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, identificam-se as bactérias ‘enterococcus’ com um antepassado do tempo em que começavam a existir animais terrestres.

“Analisando os genomas e comportamentos dos ‘enterococcus’ de hoje conseguimos recuar até ao início da sua existência e reconstituir a maneira como se tornaram o que são hoje”, afirmou Ashlee Earl, especialista em genética de bactérias. Os investigadores esperam conseguir “prever como os micróbios se adaptam ao uso de antibióticos, desinfetantes de mãos e outros produtos que visam controlá-los”.

Alguns destes organismos resistem a quase todos os antibióticos e infetam cerca de cinco por cento dos doentes hospitalizados, o que leva os investigadores a quererem saber como conseguiram tornar-se quase indestrutíveis.

As bactérias surgiram na Terra há quase quatro mil milhões de anos, enquanto os primeiros animais marinhos apareceram há 542 milhões de anos. Os ‘enterococcus’ vivem nos intestinos da maior parte dos animais terrestres, por isso os investigadores partiram da hipótese de também terem existido nos dinossauros, o que vieram a confirmar.

Descobriram que novas variantes daquelas bactérias surgiram ao mesmo tempo que novas espécies de animais, desenvolvendo uma resistência natural à falta de água, fome, desinfetantes e muitos antibióticos.

“Sabemos agora quais os genes que os ‘enterococcus’ ganharam há centenas de milhões de anos, quando se tornaram resistentes à falta de água e aos desinfetantes e antibióticos que atacam as suas paredes celulares”, afirmou o especialista em doenças infectocontagiosas Michael Gilmore.

Com esse conhecimento, os cientistas procuram agora desenvolver novos antibióticos e desinfetantes que eliminem especificamente os ‘enterococcus’, para que deixem de ameaçar os doentes hospitalizados.

LUSA/SO/SF

 

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