1 Mar, 2017

Atletas de alta competição têm maior risco de ter incontinência

Um estudo desenvolvido na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) revela que as atletas de alta competição têm o triplo de probabilidade de ter incontinência urinária, quando comparadas com as que não praticam desporto

Este é um dos resultados do projeto  “Effects of physical exercise on the pelvic floor and its relevance for the urinary incontinence”, que tem como principal objetivo estudar a incontinência urinária e os distúrbios alimentares em atletas de elite.

O projeto tem como principal investigadora a fisioterapeuta da Coopertativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), Alice Carvalhais, e conta com profissionais das faculdades de Desporto e de Engenharia da Universidade do Porto (FADEUP e FEUP), do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) e da Escola Norueguesa de Ciências do Desporto, de Oslo.

Para a realização do primeiro estudo, foram avaliadas atletas de 26 modalidades, individuais e coletivas, com representatividade em Portugal, tendo sido nos desportos com alto impacto que se verificou uma taxa mais elevada de prevalência de incontinência urinária, disse Alice Carvalhais.

Segundo a fisioterapeuta, os dados para essa etapa foram recolhidos através de questionários feitos a 372 atletas de alta competição, tendo sido solicitada autorização aos responsáveis pelas diferentes seleções nacionais para contacto com as mesmas nos períodos de estágios e em algumas situações de provas e de campeonatos.

Para controlo, foram avaliadas, também nessa fase, 372 mulheres que não praticavam desporto (ou que praticavam, no máximo, duas vezes por semana), recrutadas em escolas secundárias, faculdades e espaços públicos, acrescentou.

O segundo estudo do projeto passa por perceber se existe inter-relação entre diferentes estruturas anatómicas que delimitam a cavidade abdomino-pélvica em mulheres continentes e naquelas que possuem algum grau de incontinência urinária, de forma a verificar o impacto que o nível de atividade física pode ter nesses parâmetros.

Nesta parte, a recolha dos dados está a ser realizada no Laboratório de Biomecânica do Porto (LABIOMEP), tendo sido avaliadas, até à data, 46 mulheres, número que se prevê aumentar brevemente.

O terceiro momento do projeto, segundo a investigadora, consiste no desenvolvimento de um dispositivo para monitorizar e treinar a força dos músculos do pavimento pélvico.

Alice Carvalhais é fisioterapeuta há 30 anos e passou os primeiros 20 a intervir, maioritariamente, na área das disfunções neuro-músculo-esqueléticas.

“Entretanto, comecei a interessar-me pela saúde na mulher, mais especificamente pelas disfunções do pavimento pélvico”, área na qual efetuou uma formação específica.

Para a fisioterapeuta, o que se retira desta análise não é que as mulheres devam abandonar a alta competição ou os desportos em que a prevalência desta condição é elevada, mas sim que algo deve ser feito no sentido de desenvolver estratégias para prevenir o aparecimento desta disfunção nas mulheres que não o apresentam e intervir naquelas em que já ocorre, mesmo sem a prática desportiva.

Prevê-se que todas as fases do projeto estejam concluídas até dezembro de 2017.

LUSA/SO

Gedeon Richter

 

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