17 Fev, 2017

Prados marinhos reduzem bactérias nocivas para a saúde

Os prados marinhos funcionam como zona de abrigo, alimentação e reprodução de numerosas espécies mas o estudo evidencia, agora, a importância desses ecossistemas para a saúde humana

Os prados marinhos, caracterizados por serem zonas costeiras cobertas por algas semelhantes a erva dos campos, têm a capacidade de remover da água grande quantidade de bactérias nocivas para os humanos e animais marinhos.

O estudo publicado na revista Science dá relevância à importância destes ecossistemas para a saúde humana, destacando o papel promotor da qualidade da água em zonas costeiras cada vez mais povoadas. Não descurando do seu papel fundamental, já conhecido, de promover a biodiversidade.

Os investigadores concluem que os “pesticidas” naturais presentes nas algas dos prados marinhos –  que já tinham interesse científico por serem fonte de antibióticos naturais – cumprem a função crucial de eliminar da água agentes patogénicos, tornando os prados marinhos num ativo económico que pode gerar poupanças significativas na construção de infraestruturas, ao funcionarem como estações naturais de tratamento de águas residuais.

O estudo refere o exemplo de Nova Iorque, destacando um projeto de reabilitação de zonas húmidas, incluindo prados marinhos, que permitiu evitar a construção de uma central de tratamento orçada em oito mil milhões de dólares (7,54 mil milhões de euros).

Prados marinhos existem em várias áreas da costa Portuguesa, sendo mais significativos nos estuários dos rios Mondego, Tejo, Sado e Mira, na Lagoa de Óbidos, na península de Tróia e na Ria Formosa, no Algarve.

As espécies de algas dos prados marinhos em Portugal são a ‘Zostera marina’, conhecida pelo nome comum Sebas; a ‘Zostera noltii’, conhecida como Sebarrinha e a ‘Cymodocea nodosa’, conhecida também como Sebas.

Um dos trabalhos de campo realizados para o estudo foi feito em águas em torno de quatro ilhas indonésias, onde em zonas sem prados marinhos a presença da bactéria ‘Enterococcus’ excedia em 10 vezes os níveis considerados seguros para a saúde humana. Em zonas de prado marinho em torno das mesmas ilhas os níveis de ‘Enterococcus’ na água baixavam para cerca de um terço dos verificados nas outras zonas.

Outros trabalhos de campo incluídos no estudo concluíram que os níveis de agentes patogénicos presentes em peixes e invertebrados eram também mais baixos, em cerca de 50%, em zonas de prado marinho, quando comparados com os detetados em zonas sem “erva do mar”.

Os autores do estudo advertem que a perda de zonas de prado marinho a nível mundial é de cerca de 7% da área global por ano desde 1990 e alertam para a importância da preservação deste tipo de ecossistema marinho como instrumento de defesa da saúde das populações costeiras em todo o mundo.

LUSA/SO

 

Gedeon Richter

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