3 Nov, 2016

Consumo excessivo de álcool é responsável por mais de 700 mil novos casos de cancro por ano

O álcool é responsável por mais de 700 mil novos casos e 365 mil mortes causadas por cancro, a cada ano e em todo o mundo, indicam novas estimativas divulgadas no Congresso Mundial contra o Cancro, que termina hoje, em Paris

De acordo com os dados apresentados hoje no evento, os novos casos de cancro (especialmente no esófago, colo-rectal, garganta, fígado e mama) surgem principalmente nos países desenvolvidos.

“Uma grande parte da população não sabe que o álcool pode provocar cancro”, salientou o investigador canadiano Kevin Shield ao apresentar os dados preliminares do estudo do Centro Internacional de Investigação sobre o Cancro (CIRC/IARC), uma agência dependente da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O estudo, relativo a dados de 2012, indica que os cancros ligados ao álcool representam 5% dos novos casos e 4,5% de todas as mortes causadas por cancro a cada ano em todo o mundo.

A América do Norte, a Austrália e a Europa, em particular a Europa de Leste, são as regiões mais atingidas. Mas os países em rápido desenvolvimento, como a Índia ou a China, onde o consumo de álcool está a aumentar, poderão juntar-se ao grupo dentro de pouco tempo.

Como demonstram vários estudos, a preponderância de casos de cancro ligados ao álcool está estreitamente ligada ao nível de desenvolvimento de um país. O consumo acrescido de álcool que normalmente acompanha o desenvolvimento junta-se também a alterações do modo de vida, de alimentação ou tabagismo, que “multiplicam o risco”, considerou o investigador canadiano em entrevista à agência France Presse.

Segundo o estudo, que deverá ser publicado no próximo ano numa revista científica, indica que o cancro do esófago é o mais frequente nos casos de morte associados ao álcool (representando 34% dos 365 mil casos de morte reportados em 2012), à frente do cancro colo-rectal (20% das mortes).

Já entre os 704 mil novos casos de cancro associado a álcool, um em cada quatro (27%) são de cancro da mama, entre as mulheres.

O mesmo investigador já tinha demonstrado num trabalho publicado em junho que mesmo um ligeiro consumo de álcool por dia (menos de dois copos de vinho ou 30 mililitros de bebidas espirituosas ao dia) pode aumentar o risco de cancro da mama de 5% a 10%.

Kevin Shield realçou que não existe um limite de risco [a não ultrapassar], e que “o risco aumenta de forma linear à medida que aumenta a dose ingerida”.

Quanto aos mecanismos biológicos que causam os cancros associados a álcool, os investigadores não os conhecem ainda com exatidão. Entre estes poderá estar o etanol, um agente cancerígeno que pode atuar “de diversas maneiras”, disse o perito canadiano. No caso do cancro da mama, o etanol pode modificar os níveis de estrogéneo, disse.

SO/LUSA

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