Informação em Saúde
O acesso crescente à informação em saúde tem, como tudo na vida, vantagens significativas e perigos a tomar em consideração.

Informação em Saúde

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Breve Guia para uma Leitura Adequada

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Hospital CUF Infante Santo

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O acesso crescente à informação em saúde tem, como tudo na vida, vantagens significativas e perigos a tomar em consideração.

Essa informação permite às populações saber mais sobre o seu estado de saúde, sobre práticas de vida saudáveis, sobre as causas e as manifestações das doenças e permite, ainda, uma maior e melhor partilha de conhecimentos com os médicos, tornando o paciente um elemento mais proactivo em todo o processo de tomada de decisões clínicas.

Como já referi, os principais problemas que esta informação coloca na actualidade derivam da sua publicação sem filtros, sem revisão prévia, sem validação por pares e, na prática, sem qualquer controlo. Antes da internet, um artigo para ser publicado passava por todo um processo de selecção, de avaliação, de correcção e de comentário antes de “chegar” ao papel, o que, por vezes, demorava meses. Hoje o processo é instantâneo e qualquer pessoa pode publicar o que bem entender, cabendo a quem lê ser capaz (ou não) de reconhecer idoneidade ao texto que tem perante os seus olhos.

Por outro lado, tudo se passa a um ritmo demasiado rápido e a própria imprensa, a quem deveria competir bem informar em matérias tão sensíveis quanto esta da saúde, opta por títulos mais dramáticos ou mais apelativos para captar a atenção dos seus leitores. Para quem se ficar por esse título, a informação pode passar profundamente deturpada passando, por isso, a ser meramente desinformação que gera ansiedade e que dificulta toda a construção da relação médico-doente.

Como tal, ficam aqui algumas sugestões que podemos e devemos partilhar com os nossos pacientes para que eles possam fazer um melhor uso da informação disponível.

Títulos:são importantes para captar a nossa atenção e aferir o nosso interesse sobre determinado assunto. Contudo, nada valem se não se ler a notícia como um todo. De um modo geral, o título realça o aspecto mais forte da informação, conferindo-lhe um carácter absoluto e inquestionável quando, na verdade, o que se pretende transmitir é muito mais genérico e indefinido.

Conteúdo: deve igualmente ser analisado sob diferentes perspectivas. Muitas vezes, um artigo ou texto sob  saúde apresenta inúmeros dados mas não refere qualquer investigação científica que os suporte ou essa investigação existe mas ainda não foi publicada, o que significa que ainda não foi devidamente validada. Dados apresentados sem um suporte científico devidamente publicado e facilmente acessível devem ser interpretados com a maior das cautelas.

Muitas vezes são publicados na internet ou nos meios de comunicação dados obtidos a partir de resumos de trabalhos apresentados em congressos. Embora esses trabalhos sejam seguramente importantes e interessantes, muitas vezes correspondem a investigações em fase preliminar ou procuram somente testar hipóteses cientificas. Como tal, são muito úteis no contexto da conferência onde foram apresentados mas, fora disso, poderão gerar confusão e alarme infundado.

É igualmente relevante saber se os dados apresentados resultaram de investigação realizada em laboratório, em animais ou em seres humanos. Muitas notícias que referem resultados promissores no tratamento de determinadas doenças fazem-no somente com base em dados laboratoriais e, frequentemente, fazem acompanhar o texto de imagens onde surgem seres humanos . A vontade de ser o primeiro a veicular as boas (ou más) notícias faz com que se ignore esse elemento que, obviamente, faz toda a diferença.

E mesmo quando os dados apresentados resultam de investigação realizada em seres humanos, interessa saber a dimensão da amostra estudada. Muitas vezes, os dados noticiados referem-se a pequenos grupos de pacientes e, como tal, a probabilidade de os resultados apresentados serem reais é puramente hipotética. Quanto maior o número de casos avaliados mais robustos serão os resultados obtidos.

No caso de dados referentes à eficácia de um tratamento ou à responsabilidade de um determinado agente sobre o ser humano, esses dados deverão ser, sempre que possível, validados por um grupo controlo de indivíduos não tratados com esse fármaco ou não expostos a esse agente. Apenas desse modo se poderá descartar um resultado que é fruto do acaso ou apenas do factor temporal. Naturalmente, esse grupo de controlo deve ser composto por indivíduos com características sobreponíveis às dos doentes avaliados e, idealmente, a distribuição desses indivíduos pelo grupo de estudo e pelo grupo de controlo deveria ocorrer de modo aleatório.

Outro erro comum nos dados disponíveis é referirem um determinado resultado extrapolado a partir de outro. Ou seja, e por exemplo, um estudo identifica um efeito benéfico de um fármaco ou de um nutriente sobre a pressão arterial e o título atribui a esse fármaco ou nutriente um efeito preventivo sobre o risco de enfarte do miocárdio. Embora essa correlação possa existir, ela não é linear e não é lícito utilizá-la como “argumento de venda” de um artigo.

Finalmente, vale a pena tentar saber se um estudo foi patrocinado por alguma empresa com interesse inequívoco na matéria em estudo. Embora tal patrocínio não signifique que os resultados estão adulterados, ajuda-nos a manter o sentido crítico em relação à informação que nos é facultada.

Em súmula: a informação sobre saúde está e estará cada vez mais acessível. Dado o seu peso na nossa vida e nas decisões que, em função dela podemos tomar, é essencial estarmos bem preparados para avaliar a sua credibilidade, para a ler na totalidade e não nos focarmos nos destaques seleccionados por quem a publica e, sempre que possível, confrontar essa informação com outra disponível. Em caso de dúvida, os profissionais de saúde serão sempre os melhores interlocutores para a dissipar e, desse modo,  permitir uma adequada interpretação e análise do que se leu.

As fontes de erro na informação em saúde são múltiplas e, muitas vezes, nem são mal intencionadas. As matérias abordadas tendem a ser complexas e a probabilidade de desvios na sua apresentação é elevada. Dados os potenciais riscos desses desvios (alarmismo, comportamentos incorrectos, dúvidas sobre a prática médica, ansiedade, etc.) importa que quem publica o faça com a maior responsabilidade e cuidado e que quem lê o faça com sentido crítico, sempre admitindo que podem existir outras abordagens e outros caminhos.

Sobre a leitura alguém disse que “duas pessoas não lêem o mesmo livro”. E isso aplica-se também aqui…

Texto escrito na grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990, por opção do autor

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