A Hipertensão Arterial não escolhe idades

A Hipertensão Arterial (HTA) é um problema de Saúde Pública a nível mundial e pode estar presente em qualquer idade. Para alertar para este importante fator de risco de doença cardiovascular, causador de morbilidade e mortalidade significativa na idade adulta, a World Hypertension League propôs, a partir de 2006, que se comemorasse todos os anos o Dia Mundial da Hipertensão Arterial (HTA) a 17 de maio

Em 2013 lançou a nível mundial um desafio, que todos os países procurassem conhecer os valores de pressão arterial da sua população. Este desafio mantém-se ao longo de um período de 5 anos.

O Grupo de Hipertensão Arterial da Sociedade Portuguesa de Pediatria aderindo a este desafio, propõe-se este ano fazer rastreios escolares para avaliação da pressão arterial. Esta ação irá decorrer em diferentes estabelecimentos de ensino do país e contará com a colaboração de técnicos de saúde e alunos das faculdades de medicina do país.

A Hipertensão Arterial (HTA) em pediatria tornou-se um foco de interesse nos últimos anos, devido à constatação de um aumento da sua prevalência na criança (0-18 anos). Sabe-se que a HTA, sobretudo no adolescente, é mais frequente do que se supunha outrora e que muitos casos correspondem a formas precoces de HTA essencial.

Na maioria dos casos a HTA na idade pediátrica é uma doença silenciosa e o seu diagnóstico só pode ser efetuado pela medição da pressão arterial, avaliação que se tornou recomendada em todas as crianças a partir dos 3 anos de idade.

Os valores de pressão arterial variam com a idade, o sexo e a estatura. Até aos 15 anos devem ser consultadas tabelas de percentis para definir o perfil de PA (normal; normal-alto ou HTA). A partir dos 16  e até aos 18 anos, a Sociedade Europeia de HTA propôs em 2016 (documento de consenso) que se definisse HTA perante valores de PAS >140  mmHg  e /ou PAD > 90 mmHg, confirmado em várias medições.

A HTA com início na idade pediátrica pode evoluir ao longo do tempo, com lesão silenciosa de órgãos alvo e pode manter-se na idade adulta, contribuindo para aumentar neste grupo etário o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares em idade jovem.

O diagnóstico precoce permite implementar medidas adequadas que possam contribuir para prevenir ou retardar a progressão da doença.

É importante diagnosticar, para poder tratar e sobretudo prevenir.

Carla Simão, Coordenadora do Grupo de Estudo de HTA em Pediatria, da Sociedade Portuguesa de Pediatria

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